Multiplicidad de perspectivas: horror a la guerra, ironía y metaficción en A Costa dos Murmúrios

  • Carmen María Comino Fernández de Cañete Universidad de Extremadura
Palavras-chave: guerra colonial, visão feminina, romance pós-modernista, Lídia Jorge, metaficção

Resumo

Neste ensaio pretendo evidenciar como Lídia Jorge representa em A Costa dos Murmúrios (1988) uma perspetiva de desconstrução do universo beligerante masculino. O olhar feminino que perpassa A Costa dos Murmúrios reflete o horror da guerra como espaço fundamental de pertença aos homens. Por isso, ao contrário do enaltecimento de feitos pretensamente heroicos durante a guerra, encontramos uma visão demolidora da imagem mitificada. Eva Lopo, narradora testemunhal da segunda e esclarecedora parte, interroga-se no presente (após vinte anos do acontecimento narrado no relato inicial) de modo trágico e irónico as suas vivências e o sentido da guerra, para desconstruir o passado, selecionando os factos que devem ser efetivamente narrados. O romance de Lídia Jorge mostra, em primeira linha, o ambiente urbano da cidade da Beira, centrado no grupo de oficiais e suas famílias e longe do conflito armado que ocorre mais ao Norte de Moçambique. O conflito, que aparece em segunda linha, é na verdade o fio condutor que conduz ao trágico final.

Publicado
2016-01-01