Lenda e Mito: Lucrécia e Dafne, Virtude e Vitória
Resumo
Descrever um mito é sempre difícil, segundo Simone de Beauvoir (2016); é por vezes tão fluido e tão contraditório que não se lhe percebe, de início, a unidade: a mulher é a um só tempo Pandora e Atena, Eva e Virgem Maria. É a fonte da vida, é o silêncio elementar da verdade; é a presa do homem e sua perda. A partir desta afirmação sobre o universo feminino, este artigo tem por objetivo fazer uma leitura a respeito da lenda romana de Lucrécia, retratada na obra da antiguidade História de Roma, de Tito Lívio. A intenção é estabelecer relações históricas, míticas e temáticas com o mito do ideal de mulher virtuosa, agredida no espaço da domus, com a figura feminina mítica, Dafne, em Metamorfoses, do poeta latino Ovídio, perseguida pelo deus Apolo e metamorfoseada em loureiro. Tendo por parâmetro o mito do ideal de mulher virtuosa e vitoriosa e por alicerce as leituras de Roland Barthes (2003), Mircea Eliade (1991), Simone de Beauvoir (2016) e Henrique Sant’Anna (2015), pretende-se indagar se esse ideal romano de mulher pode, ainda, ser retratado na sociedade contemporânea e qual sentido de voz adquiriu a mulher do século XXI.
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