Quílon e a oposição à tirania na tradição dos Sete Sábios
Resumo
Pela boca de Demarato, Heródoto apresenta Quílon como o mais sábio dos Espartanos (7.235.5), abrindo assim o caminho que levaria à inclusão de Quílon no grupo estável dos Sete Sábios. No entanto, esta nota é relativamente discreta. Mais informação é fornecida pelo episódio narrado antes pelo mesmo Heródoto (1.59.1-3), que descreve um encontro entre Quílon e Hipócrates, o pai do futuro tirano de Atenas, Pisístrato. O relato revela uma animosidade de base contra a tirania, que se manterá como pano de fundo conceptual na tradição dos sophoi — apesar de algumas das figuras incluídas no grupo terem exercido um governo tirânico. A historicidade deste encontro de Quílon e Hipócrates deve, compreensivelmente, ser encarada com bastante ceticismo. Isso não impede, porém, que os avisos premonitórios de Quílon tenham contribuído para estabelecer um terminus a quo para a tradição da oposição espartana aos governos tirânicos, que se tornaria um seu traço distintivo, como se pode ver, por exemplo, em Heródoto (5.92.1-2), Tucídides (1.18), Aristóteles (Pol. 1310b-1311b), Plutarco (Mor. 859C-D) e Políbio (4.81.13). Um papiro do século II a.C. (P. Ryl. 18 - FGrHist 105 F 1) sustenta mesmo que, durante o eforato de Quílon, os Espartanos teriam levado a cabo uma campanha sistemática contra as tiranias então existentes na Grécia. O objetivo deste artigo é analisar como esta oposição à tirania se tornou mais amplamente parte da tradição dos Sete Sábios, tomando como referência principalmente os testemunhos de Heródoto, Platão, Plutarco e Diógenes Laércio.
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