Mito e memória em Pedreira das almas e Rasto atrás, de Jorge Andrade

  • Luiz Gonzaga Marchezan UNESP, Brasil

Resumo

No processo criativo literário, conforme Jorge Andrade (1964, p. 2 2): “Ninguém inventa nada.
Tudo se encontra à nossa volta, vivendo e se impondo nas formas mais variadas”. Os significados
já estabelecidos pela cultura, para o escritor, possibilitam à literatura do mundo, mediante
novos conteúdos, reconstituir situações e tipos humanos da tradição que movimentam forças
de verdades assumidas por novas criações literárias. Mariana, protagonista de Pedreira das
almas (1958) luta, como Antígona, por um enterro digno para seu irmão. Vicente, protagonista
de Rasto atrás (1967), busca, como Édipo, o reconhecimento do pai. As duas obras, como nos
mitos de Antígona e Édipo, envolvem-se com dramas familiares diante tanto de leis da cidade
como de leis divinas na disputa com duas grandes células do poder: a do Estado e a da Família,
sem ignorarem os padrões dos pensamentos refletidos pelos mitos clássicos orientadores do
dramaturgo nas peças consideradas.

Publicado
2025-10-31