Empatia e resistência: Antígona na dramaturgia feminina actual

  • Tobias Brandenberger Georg-August-Universität Göttingen; Cátedra José de Almada Negreiros

Resumo

A figura de Antígona – como todos os mitemas da família edipiana, presentes e reformulados tantas vezes até à literatura actual – apresenta diferentes linhas de conflito derivados de regimes problemáticos no domínio familiar, filosófico-moral e socio-político. São diversos os textos teatrais que traçam as premissas e consequências da procura de um justo caminho ético e emocional em situações de dilema; e elaboram-nas em configurações plurifacéticas que ao mesmo tempo são sintomáticas das condições e inquietudes da escrita literária, e muito concretamente da produção textual de autores e autoras. Examinamos na nossa contribuição como três dramaturgas ibero-românicas das últimas décadas tratam a possibilidade de uma empatia essencialmente humana se converter em contestação política. Discutimos as dialécticas particulares em que as peças desenvolvem a questão da legitimidade de tal forma de resistência, ora vindicando-a, ora questionando-a. Focamos Antígona furiosa de Griselda Gambaro (1986), Perdição de Hélia Correia (1991) e Antígona de Itzíar Pascual (2018) para averiguar como nestas obras reage o direito natural perante o poder e a autoridade da lei, por que razões sucumbe, e quais são as implicações específicas da categoria de gender em conflitos deste cariz.

Publicado
2025-10-31