A Nova Antígona de Hermínia Silva: paródia sociopolítica (1946 e 1976)
Resumo
Em 1946, em pleno regime ditatorial, Hermínia Silva protagoniza, numa paródia à peça de Júlio Dantas que nesse mesmo ano estreara no Nacional, o papel de Antígona, na revista Sempre em Pé! Esta representação valerá à atriz o Prémio Nacional de Teatro (1947). Com efeito, a escolha da personagem Antígona para esta paródia revela sobretudo uma resposta à peça de Júlio Dantas, encenada pela Companhia Robles Monteiro-Rey Colaço e na qual se estreava a então jovem atriz Mariana Rey Monteiro. Sempre de Pé! desafiou as restrições da censura, transmitindo mensagens subversivas de forma criativa, pelo que, a “Nova Antígona” tornou-se um símbolo de desafio diante da opressão. Trinta anos depois, em 1976, na revista Afinal como é?, Hermínia Silva recupera a Nova Antígona de 46, desta vez para criticar os novos tempos que a política portuguesa criava. Dois anos depois da Revolução de Abril, Antígona voltou a ser utilizada para pensar a política e o regime em que então se vivia. Este estudo concentra-se na análise da performance de Hermínia Silva, sua influência na representação da resistência à ditadura e a relevância do teatro revista no contexto da luta pela liberdade, mas também no modo como a personagem grega dá substância a todas as ideias que se pretendiam fazer passar, desta vez sob a forma de comédia e paródia.
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