Entre um motivo de luta e uma desilusão: Angola escrita nos contos A Revelação e O nosso país é bué, de Pepetela

  • Sidnei Boz UNEMAT, Brasil
  • Agnaldo Rodrigues da Silva UNEMAT, Brasil
Palavras-chave: Literatura angolana, contos angolanos, Pepetela, A Revelação, O nosso país é bué, pós-colonialismo

Resumo

Os contos A Revelação de 1962 e O nosso país é bué de 1999, ambos de Pepetela, distanciam-se entre si por um período de mais de três décadas, nas quais ocorreram profundas mudanças em Angola, decorrentes do processo histórico pré e pós-independência, das guerras e da organização política e social do país. Na figura de dois meninos, protagonistas, o autor representa nestes contos um sentimento de identidade que está sempre a transformar-se. Candimba, em A Revelação, em sua forma inocente, pueril, começa a entender o mundo ao seu redor e sente na pele a dominação do colonizador, branco, manifestada pelo racismo que sufoca a voz do colonizado, negro. Lito em O nosso país é bué vai do sonho nacionalista, representado no petróleo que podia extrair-se num poço do quintal de casa, à constatação de que “afinal o país não era assim tão bué como imaginara”. Ambos jovens, porém em épocas distintas, passa-se a geração da utopia entre eles. No primeiro miúdo está um ponto de partida, estopim para realidade de luta e de guerra pela independência que viriam. No último, o fim da ilusão nacionalista e o choque de uma realidade novamente a se construir em meio à outra guerra. Assim de um a outro, como num voo de pássaro que põe seus olhos em Candimba, depois se vira para Lito e continua seu caminho, está Angola, representada na visão de Pepetela.

Publicado
2019-02-27