O Imaginário da morte em contos tradicionais portugueses

  • Isabel Barros Dias Universidade Aberta e IELT | IEM (FCSH/NOVA)
Palavras-chave: imaginário, morte, contos tradicionais, dicotomia bem-mal, cosmovisão católica, medos e imagens atávicos

Resumo

O Imaginário humano é, por definição, um fenómeno complexo que se projeta em imagens nem sempre fáceis de interpretar. No entanto, vários estudos têm vindo a aprofundar o nosso conhecimento sobre este domínio, com destaque para a produção da escola francesa dos Estudos sobre o Imaginário (Gilbert Durand, Claude-Gilbert Dubois, Philippe Walter, Joël Thomas, Jean-Jacques Wunenburger e, em Portugal, Helder Godinho). Um corpus especialmente profícuo sobre o qual esta linha teórica por vezes se debruça é o dos contos tradicionais, narrativas simultaneamente seminais e marginais relativamente ao cânone da contística mundial. Dada a sua condição de produtos desenvolvidos ao longo de séculos, permanentemente reelaborados e recontados, múltiplas constelações do Imaginário cristalizam-se nestas pequenas narrativas de forma muito nítida. O presente artigo aborda um destes temas complexos, a imagem da morte, transmitida em filigrana por um número considerável de textos, permitindo-nos assim identificar um conjunto de características significativas que vão desde o sentimento de inevitabilidade e de democraticidade, à desdramatização carnavalesca deste momento marcante que estabelece o final da vida. Com efeito, apesar de algumas marcas da cosmovisão cristã e católica, os contos estudados não deixam de veicular ideias e imagens que podemos fazer remontar a medos e angústias primordiais e universais.

Publicado
2019-02-27