Da dupla de escravos da comédia greco-latina à dupla dos moços de esporas de Quem tem farelos? de Gil Vicente. tradição e potencialidades dramáticas de um motivo clássico
Resumo
O recurso a duplas no teatro cómico é tão antigo quanto o próprio género. Considerando os testemunhos literários que a tradição clássica nos legou, Aristófanes ensaiou, com sucesso, este procedimento cómico. Menandro e Plauto não foram indiferentes a esta dupla e recuperaram- -na em algumas das suas peças. No teatro português, a dupla formada pelos moços de esporas que abre a farsa Quem tem farelos? de Gil Vicente é ilustrativa do processo de revivalismo ao qual se poderá ter prestado o dramaturgo de quinhentos. Caso singular na produção vicen- tina, o par constituído por Apariço e Ordoño readquire, numa primeira instância, os traços das duplas de escravos do teatro antigo, mas revela, depois, novas feições. Serão estas o resultado de uma metamorfose a que Gil Vicente terá submetido o motivo clássico da dupla cómica?
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