Da escrita e da sua materialização: Augusto Baptista

  • José António Gomes Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto
Palavras-chave: brevidade, narrativa, “enigma”, paratexto, visualidade, materialidade

Resumo

A escrita de Augusto Baptista (n. 1946) tem-se desenvolvido num terreno de legitimação incerto em que convivem o conto, a micronarrativa e outras microcomposições em forma interrogativa a que é dado o nome de «enigmas» – isto a par de textos no campo da reportagem, publicados em revistas e por vezes ilustrados com fotografias do próprio autor, durante anos fotojornalista de profissão. Peculiares são ainda os modos editoriais de circulação de alguma desta escrita – a de intenção literária – em edições de cuidada paratextualidade, quase integralmente concebidas, acabadas e difundidas pelo autor. Cartoonista e criador de livros de tangram (um dos seus livros literários é impresso num alfabeto de tangram), Baptista revela-se um multifacetado artista, também visual, tendo por vezes como sombra tutelar outro criador nas margens do literário, Mário-Henrique Leiria. Navega assim nas águas de um humor negro que não desiste de denunciar um certo absurdo e não-sentido da existência humana. Interessa, neste artista, aflorar ainda os modos materiais que a sua escrita, muito elíptica, encontrou para chegar ao seu restrito público.

Publicado
2019-02-27