Reflexões genológico-literárias de um “conto”: “Os Paradoxos do Bem”, de José Régio

  • Maria José M. Madeira D’Ascensão Instituto Politécnico de Portalegre
Palavras-chave: José Régio, género literário, conto, novela

Resumo

José Régio, radicado na sua vocação da sinceridade, nunca escondeu a aversão que tinha às fronteiras entre géneros que, aliás, considerava serem pouco rigorosas e definíveis. Com efeito, segundo o mesmo autor, estas serviam apenas para contrariar a genuinidade e a independência da criação literária. Testemunho deste repto constitui, assim, toda a obra regiana imbuída nos valores do desafio e da rebeldia perante os cânones literários. De facto, ao atentarmos particularmente em “Os Paradoxos do Bem” de José Régio, verificamos que há uma transgressão inequivocamente clara do tratamento rigoroso de determinados elementos que o género do conto pressupõe. Com efeito, esta narrativa curta, além de não observar na sua plenitude o critério da brevidade, obsta o respetivo tratamento preceituado das próprias categorias da narrativa, aproximando-se, assim, do contorno genológico-literário da novela e chegando mesmo a denotar, se bem que subtilmente, traços característicos do romance. Assim sendo, visando uma análise das fronteiras do cânone nesta narrativa curta em particular, faremos primeiramente uma apresentação sucinta dos alicerces do conto e da novela enquanto géneros literários, de modo a apurarmos o tratamento de alguns traços e elementos respetivos na narrativa em estudo, para assim tentar circunscrevê-la na concernente compleição genológica.

Publicado
2019-02-22