Entre “Rochas”, um pedreiro de mãos nuas

  • Daniel de Oliveira Gomes Universidade Estadual de Ponta Grossa; Université Paris Nanterre
Palavras-chave: Jaime Rocha, Blanchot, Necrophilia, Poesia contemporânea

Resumo

Neste artigo, tento analisar blanchotianamente a questão da morte e da escritura como dom da morte, em Necrophilia (2010), do poeta português Jaime Rocha. Acredito que Necrophilia pode ser lida como o drama de um personagem arruinado pela morte de outro, mas também como o drama do desmoronamento de toda obra. Nesse sentido, a imagem do autor como um “pedreiro de mãos nuas” é explorada. Nesta tese, Rocha, abandona sua pá, sua obra como fruto de um trabalho construtivo. Necrophilia seria, então, uma obra inacabada, e assim sendo, não poderia realmente rematar a sua “tetralogia da assombração”.

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Publicado
2022-12-15