“Double” (1982) de Constança Capdeville: a obra onde o ego se descobre num universo outro que não o de si próprio

  • Helena Maria da Silva Santana Inet-MD, Universidade de Aveiro
  • Maria do Rosário da Silva Santana Unidade de Investigação para o Desenvolvimento do Interior, Instituto Politécnico da Guarda
Palavras-chave: Double, Constança Capdeville, Teatro musical, Obra aberta, Egotismo, Alienação

Resumo

Constança Capdeville (1937-1992) exerceu a sua atividade criadora em vários domínios, sendo que a contante aliança entre a música e a arte cénica aparece, na sua obra, ligada, e em parti- cular, ao Teatro Musical. O som, o espaço sonoro e o espaço das artes multimédia e plástica, merecem, da sua parte, uma atenção detalhada, sendo que se encontram identicamente em estreita relação com o corpo e uma gestualidade performativa inerente à criação/interpreta- ção da obra. Com uma componente pluridisciplinar marcada, e uma apetência assinalada pela Forma Aberta, a sua obra reflete ainda a influência de vários autores, nomeadamente Cage, Schwitters, Berio ou Kagel. Denotamos também a influência de Lorca, Joyce, Cendrars, Poe ou Elliot e, nesta obra em particular, de Picasso e Dalí, pois que, do ponto de vista técnico utiliza a colagem. Utiliza igualmente a justaposição de materiais e ações diversas, bem como a intertextualidade. Segundo a autora, a sua obra contém ainda uma mística incessante, bem como uma dialética com o invisível. Neste sentido, e através da obra Double (1982), pretendemos mostrar como a autora reflete sobre o Mito de Narciso, o Egotismo e a Alienação que dele se desprende pelo diálogo que estabelece consigo mesmo num despreendimento com o demais. Através da análise de Double iremos perceber de que forma uma interpretação pode revelar os conteúdos imagísticos e imagéticos propostos pela autora revelando o eu e o outro, num con- fronto entre elementos díspares num contraponto intenso e revelador.

Publicado
2021-12-21
Secção
Olhares de Narciso: egotismo e alienação