O mito de Narciso como exemplo do sublime na literatura e na arte clássicas
Resumo
Este estudo pretende dar uma visão panorâmica da presença do mito de Narciso na cultura clássica. Em segundo lugar, tomando como orientação metodológica a teoria do Sublime de Dionísio Longino, pretende-se demonstrar como um poeta, Ovídio, e um sofista, Flávio Filóstrato, ambos inspirados no mesmo mito, atingem à sua maneira uma forma de Sublime em que se combina ingenium e ars, physis e techne. Para isso, abordar-se-á a época imperial augustana, em que surgem as primeiras versões gregas e latinas do mito, tendo como principal referência as Metamorfoses de Ovídio. Na fase seguinte, focar-se-ão a dinastia dos Severos e o círculo cultural de Júlia Domna, no qual pontifica Flávio Filóstrato, autor das Imagines, obra que faz a ponte entre literatura e arte e nos servirá de referência. Se a Ovídio se deve uma das mais sublimes recriações poéticas do mito, a Filóstrato se deve o mérito de ter convertido uma pin- tura de Narciso em obra de arte literária, graças à técnica da ekphrasis.
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