Mediterrâneo – entre a memória, o apocalipse e a esperança: a poesia de Ana Luísa Amaral
Resumo
Tal como em outros autores contemporâneos, na extensa e reconhecida obra de Ana Luísa Amaral, a paisagem do Mediterrâneo e os tópicos da catástrofe e da redenção, com suas diversas variantes, mostram-se profundamente estruturantes. Na sua escrita, enraizada na História, mas sobretudo muito atenta ao presente, essa tensão essencial está presente, ainda que nem sempre de forma explícita e simultânea. Até chegarmos ao particular de uma escrita poética mais recente, não indiferente à crise humanitária na Europa, onde o Mediterrâneo é o espaço de novas arcas de Noé à deriva, repletas dos “sem-nome”, num horizonte bem trágico e bem longe dos míticos “mares de Homero”, signo de uma cultura humanista.
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