A salvação no quotidiano tendo a mulher como força primária: Bet-Chan nos séculos XV e XIV a.n.e.

  • Catarina Pinto CHUL/UNIARQ – Universidade de Lisboa
Palavras-chave: Figurinhas de terracota, Textos antigos, Bet-Chan, Salvação, Mulher, Quotidiano

Resumo

A partir do conceito de “Contexto de interacção”, pretende-se atentar nos níveis estratigráficos do Bronze Final (Séculos XV e XIV a.C.) do sítio de Bet-Chan (Palestina) e analisar as figurinhas de terracota femininas.

Socialmente, homens e mulheres foram diferentemente expostos nos antigos textos religiosos e literários, levando os investigadores a assumir, como descrito, que funções administrativas, comerciais e religiosas públicas seriam desempenhadas por homens, relegando as mulheres aos ambientes domésticos.

A criação literária, em certa medida uma criação utópica, encarcera uma necessidade de embelezamento de tradições orais, ideologias, rituais e mitos, tornando-a imperfeita como representativo fidedigno das verdadeiras dinâmicas sociais, conferindo ao estudo de sítios arqueológicos como Bet-Chan, um importante contributo como contraponto textual.

As figurinhas enquanto representações sociais, moldadas e manipuladas por mulheres, associam-se então a ambientes domésticos, centros do poder feminino. Contudo, o aparecimento arqueológico das mesmas em contextos públicos e privados, demonstra em contrário que não é possível desconectá-las das várias complexidades masculinas.

Sem entrar em radicalismos, através da Salvação, pode colocar-se a mulher como agente em diversos ambientes. Das referências textuais, elas estão presentes na geração de descendência, na educação dos jovens, na partilha do conhecimento oral, na cura de doenças e medos, na resolução de problemas matrimoniais, em libertações demoníacas, na comunicação com entidades e deuses e acima de tudo, com a capacidade única de ligar os planos terreno e espiritual.

Propõe-se por fim o estudo da mulher-mãe, mulher-sábia ou mulher-curandeira como representação de género, definidor de funções subsidiárias, mas não secundárias, num sítio pautado pela diversidade étnica e funcional onde as práticas de salvação quotidianas, difundidas pelo feminino eram para todos, independentemente de categorias de género.

Publicado
2019-04-17