Representação da viagem em Ruy Duarte de Carvalho
Resumo
Ruy Duarte de Carvalho, um autor de referência da língua portuguesa que valorizou as línguas locais angolanas, viveu a sua infância em Moçâmedes, Angola, e regressou a Santarém, Portugal, local do seu nascimento, em 1955, onde concluiu o curso de Regente Agrícola, na Escola Superior Agrária. Com uma produção literária constituída por poesia, ficção, ensaio, narrativa, crónica e filmografia, encontramos no autor um modo singular “de manifestar, de entender, de planear, de executar e de representar a cultura” dos territórios por onde passou, nomeadamente o sul de Angola e o Brasil.
Essa abordagem apresenta-se como um instrumento de diferenciação cultural capaz de distinguir espaços entendidos como o resultado da sua habilidade de projetar o imaginário, a partir do qual se nomeiam o corpo social, o referido espaço e o próprio tempo.
A mobilidade predispunha-o ao acontecimento, à exultação da experiência e inclusive a procurar as proximidades e diferenças. Segundo Marta Lança, “a viagem era um programa, exigindo preparação, abundantes leituras prévias sobre os contextos dos territórios a percorrer, muita observação e uma metodológica escrita de notas durante a viagem, para fixar o que lhe haveria de dar a pensar depois na aventura dos livros” (Lança, 2001).