O mito da terra prometida em Madona dos Páramos

  • Olga Maria Castrillon-Mendes UNEMAT
Palavras-chave: Narrativa mítica, Estereótipos, Ricardo Guilherme Dicke, Mato Grosso

Resumo

Neste artigo levanto algumas questões sobre o tema do mito da terra prometida, no romance Madona dos Páramos (1982), do escritor brasileiro Ricardo Guilherme Dicke (1936-2008). Nesse sentido, busco compreender a viagem interior das personagens em busca da Figueira-Mãe, supostamente localizada na lendária Serra dos Martírios. O retorno ao paraíso, como pensado por Mircea Eliade (1992), é uma necessidade humana que une as personagens ao espaço do sertão, gerando o contexto desestabilizador em que os destinos e as frustrações, a busca pela sobrevivência e os conflitos internos são revelados em situações limites, fazendo aflorar sentimentos ambíguos e inadequação ao mundo, próprios do contemporâneo. O universo labiríntico da narrativa é a representação desse mundo metafórico em que o leitor se torna cúmplice. Um mundo, conforme Northrop Frye (2013), em que tudo está inteiramente dentro de um único corpo infinito que, no caso em análise, se configura na forma como o espaço é representado; não mais o pictórico, mas a força performativa da linguagem, muitas vezes comprometida com a construção dos estereótipos pelos quais Mato Grosso é, ainda, reconhecido.

Publicado
2019-04-16