Processo de projecto: o ambulatório da mulher

  • Rafael Antonio Cunha Perrone Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/Universidade de São Paulo

Resumo

Trata-se de um retrato do processo de projeto e criação da identidade visual e sinalização de um hospital público. Descreve as referências e o percurso da criação gráfica e ambiental.

A criação da logomarca e o projeto de sinalização do edifício do Ambulatório da Mulher podem trazer orientações para análise dos processos de criação em design, e revelar facetas dos problemas relacionados a identidade cultural.

Em primeiro lugar, deve ser situado o pedido do projeto. Tratava-se de criar a identificação visual e a sinalização Para um edifício da Secretaria da Saúde do Estado. Que seria reformado para abrigar um ambulatório público destinado ao uso das mulheres. O projeto inseria-se num quadro mais geral de política de saúde pública. Esse quadro buscava ampliar o atendimento a população de renda mais baixa e também procurava aperfeiçoar o acompanhamento, a prevenção e o diagnóstico dos problemas da saúde da mulher.

A criação do Ambulatório da Mulher pretendia prover às usuárias de um serviço médico informatizado, eficiente, ágil, moderno e tecnicamente competente. Os serviços deveriam ser, exatamente, o contrário de sua imagem historicamente construída que os associam a atividades lentas, desleixadas e ineficientes. A essa solicitação inicial agregava-se uma definição da Secretaria da Saúde de identificar o programa formulado pela imagem da Lua, que atuaria como elemento visual incorporado a temática da mulher.

Ao se deparar com essa solicitação, começa-se a trabalhar no projeto e, diante de muitas questões, busca-se tatear algumas definições preliminares para um plano de trabalho que poderia ter a seguinte sequência:

Em primeiro lugar, delimitar o que deverá ser realizado. Em segundo lugar, definir claramente o problema. Em terceiro, visualizar referências e gerar alternativas. Finalmente, selecionar uma das alternativas e detalhá-la. O que seria realizado já estava mais ou menos delimitado pelo programa e pelos objetivos do projeto. Deveria ser definido o problema a ser enfrentado.

Essa definição é significativa pois, se o problema torna-se uma pergunta clara, é que se é possível ir ao encontro de uma possível resposta. Aqui. deve ser lembrada a opinião de Bob Gil [I] fundamentada na concepção de que a solução única e original de um projeto gráfico radica na colocação clara do problema.

Mas o problema e plano de trabalho não são tão precisos enquanto não se ajusta a solução ao problema. Ou seja, a solução clara é que colide com o problema que se tornou claro pela sua própria solução.

A princípio, esse piano ou problema nunca são nítidos, pois poderíamos começar a trabalhar pelas alternativas, pelas referências ou pela delimitação do problema e definirmos o que deveria ser realizado, ou vice-versa. O fato é que nos processos de criação, em muitos casos, a "solução" pode vir a esclarecer o "problema".

Mas retome-se o primeiro tópico do plano geral proposto: O que deve ser realizado?

É claro, a logomarca de uma instituição destinada a saúde da mulher e sua respectiva aplicação num edifício, com o objetivo de identificá-lo e orientar o seu

uso. Ótimo! Definido o que deve ser realizado, devem ser esclarecidas as características elementares do objeto a ser construído: uma logomarca e suas aplicações.

Caminhe-se, então, na busca dessas características e, de acordo com Strunck [Z], é sabido que a logomarca deve ter as seguintes propriedades: 1) Estar conceitualmente ao negócio (instituição) que representa; 2) Ter uma boa leitura; 3) Não ter um desenho primário: 4) Evitar o excesso de elementos.: 5) Ter facilidade de se; reproduzida; 6) Ter personalidade; 7) Quando rotacionada ou rebatida não deve ser "igual" a outra existente

Publicado
2021-06-04