Tributo a Aristoteles: Edipo Tiranno de Martello

  • Carmen Morenilla Talens
Palavras-chave: Eurípides, Martello, Edipo Tiranno, Aristóteles

Resumo

Pier Jacopo Martello (1665-1727) preferia Eurípides como referente para as suas tragédias de tema grego, mas também compôs L’Edipo Coloneo sob a influência de Longino (ca. 1710-1713 e Edipo Tirano que foi o primeiro trabalho que ele concebeu e o último que termina (publicado em 1723). A chave para compreendermos a razão pela qual, na maturidade da sua produção literária, decida confrontar-se com a uma obra que considera difícil de adaptar pode ser dada pela dedicatória indireta ao Cardeal Bentivoglio, tradutor da Tebaida de Estácio e autor do Compedio della Filosofia Morale secondo la mente di Aristotile. Martello dedica a este culto Cardeal, que se ocupou como tradutor de uma obra em que aparece um Édipo adaptado ao catolicismo ortodoxo e que, nessa altura, está a escrever um tratado de filosofia moral segundo Aristóteles, uma recriação da que é considerada a tragédia modelo das reflexões de Aristóteles na sua Poética. E fá-lo consciente dos problemas que tem de enfrentar quer pela necessidade de adaptar a obra à verosimilhança exigida pela dramaturgia coetânea, quer, sobretudo, pelas implicações religiosas no debate ‘predestinação vs livre arbítrio’ que o diferente tratamento da figura de Édipo comporta. O resultado é uma obra diferente das restantes tragédias de tema grego de Martello.
Publicado
2013-01-01
Secção
Artigos