A força inquietante dos objectos na Máquina Infernal de Jean Cocteau
Resumo
Saudado por alguns como um grande espírito poético do nosso tempo, catalogado por outros de simples malabarista, Jean Cocteau constitui, ainda hoje. um escritor por explicar. Mas, se atendermos ao seu teatro, e mais precisamente à sua obra A Máquina Infernal, descobrimos que o autor é profundamente moderno e participa activamente na evolução da dramaturgia do século XX. Ao renovar o mito clássico de Édipo segundo Sófocles, o escritor pretende exprimir a sua «poesia de teatro», negando-lhe, por isso a forma para lhe salvar a mensagem. Concebida como um espaço dinâmico, a sua peça encanta pela união existente entre a música, a luz, as cores, os gestos, os ruídos, a palavra, os objectos e é dessa conjugação que nasce a poesia teatral cocteana. Contudo, de todas as componentes teatrais, debruçámo-nos sobre a força perturbadora dos objectos porque todos, desde a echarpe ao espelho, ajudam a que o destino de Édipo se realize. Deixando de ser um mero acessório estilístico e ornamental, eles passam a desempenhar um papel importante na acção, confirmando o oráculo e levando Édipo a mutilar-se e Jocasta a enforcar-se.
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