O exílio afectivo de Antígona na Perdição de Hélia Correia
Resumo
A peça de teatro Perdição - Exercício sobre Antígona, da autoria de Hélia Correia, levada à cena em Setembro de 1993, presenteou o público português com uma re- leitura do conhecido mito clássico, imortalizado por Sófocles no séc. V a. C. A renovação da escritora passa sobretudo pela preponderância conferida na história às personagens femininas e aos seus problemas ou focos de interesse. A substituição de um coro masculino, os anciãos de Tebas no texto grego, por um cortejo de Ménades resulta em uma solução estética para vincar a presença constante e avassaladora da componente orgiástica, apaixonada ou simplesmente fi'sica desta visão no feminino da experiência humana do excesso, da contradição de sentimentos e, acima de tudo, do isolamento afectivo de almas humanas dilaceradas pela dúvida de saber se vaieu a pena ou se um percurso alternativo teria evitado a vivência da mágoa.