Curiosas coincidências entre Horácio e o chinês DU FU (séc. VIII d.C.): 2. As estações do ano e a vida humana
Resumo
Obs. Por uma questão de coerência, repete-se, quase ipsis uerbis, o resumo feito no primeiro artigo, com o mesmo título, visto serem os dois parte de uma reflexão conjunta.
É quase impossível que à China imperial do séc. VIII chegassem ecos, ainda que difusos, da literatura latina de oito século antes. Eventuais semelhanças entre autores não passam, por isso, de coincidências. Mesmo assim, no entanto, o facto não deixa de ser interessante.
É o que sucede com algumas semelhanças entre a obra de Du Fu, poeta chinês do séc. VIII, e Horácio, poeta latino do séc. I a.C.: a celebração das estações do ano, em especial o outono e a primavera, o elogio da moderação, bem ao jeito da aurea mediocritas, as pinturas da natureza, o desprendimento de bens materiais, tudo isso aproxima dois poetas de tão diferentes culturas e de tempos históricos tão diversos.
O presente artigo pretende refletir sobre esta proximidade temática, com recurso a passos dos dois poetas, ainda que, repita-se, se trate de coincidências, numa abordagem que não é usual no estudo de ambas as literaturas. Depois de, na primeira parte desta mesma reflexão, ter sido analisada a presença do tema da aurea mediocritas, da moderação, do desprendimento de bens materiais, nesta segunda parte estudar-se-á a proximidade entre os dois poetas no que respeita a outra área temática: as estações do ano e a sua relação com a vida humana.