Deontologia médica e condição jurídico-moral da mulher em Rodrigo de Castro

  • Virgínia Soares Pereira Centro de Estudos Humanísticos, Universidade do Minho
Palavras-chave: harmonia conjugal, virgindade, sexualidade, alcoviteira, Rui Gonçalves, Luís de Mercado

Resumo

Este artigo pretende apresentar uma leitura de alguns capítulos do De uniuersa mulierum medicina (de 1603) e do Medicus Politicus (de 1614) consagrados por Rodrigo de Castro à questão jurídico-moral da castidade e da fidelidade da mulher, com o intuito de proteger a harmonia do casal e ao mesmo tempo condenar as alcoviteiras que ajudam jovens e mulheres de comportamento devasso a restabelecer a sua integridade física e moral. A fim de contextualizar o pensamento de Rodrigo de Castro, far-se-á um breve confronto com a obra do jurista Rui Gonçalves e do médico Luís de Mercado.

Referências

CAEIRO, M. M. (1995), “Estereótipos femininos quinhentistas: o testemunho de António Ribeiro Chiado”: (1995) O rosto feminino da expansão portuguesa. Actas. Lisboa, Comissão para a Igualdade e para os Direitos das mulheres, 137-143.
CARDOSO, A. (2012), “A Biblioteca proposta por Rodrigo de Castro”: Ágora. Estudos Clássicos em Debate 14.1 (2012) 159-167.
CASTRO, A. L. (1993), Gil Vicente y “La Celestina”: Incipit, 13 (1993) 105-119.
CASTRO, R. (1603), De uniuersa mulierum medicina, novo et antehac a nemine tentato ordine opus absolutissimum. Et studiosis omnibus utile, medicis vero pernecessarium. Pars Prima Theorica. Coloniae. (1617) Pars Secunda Praxis. Hamburgi, Ex Bibliopolio Frobeniano.
CASTRO, R. (1614), Roderici a Castro Lusitani Medicus-Politicus siue De officiis Medico. Politicis tractatus (…). Hamburgi, Ex Bibliopolio Frobeniano.
CASTRO, R. (2011), O Médico Político ou tratado sobre os deveres médico-políticos. Tradução de Domingos Lucas Dias. Lisboa, Edições Colibri.
FANTAZZI, C. (1996) (Ed.) – vd. VIVES, J. L., De institutione feminae Christianae. Liber Primus. Introduction, Critical Edition, Translation and Notes. Edited by C. FANTAZZI and C. MATHEEUSSEN. Translated by C. FANTAZZI. Leiden – New York – Köln, 1996.
FERNANDES, M. L. C. (2004), “Cartas de sátira e avisos em torno dos folhetos Malícia das mulheres e Conselho para bem casar de Baltazar Dias”: Península. Revista de Estudos Ibéricos, 1, 161-181.
FERNANDES, M. L. C. (2000), “Literatura Moral e Discursos Jurídicos. Em torno dos “privilégios” femininos no século XVI”: (2000) Revista da Faculdade de Letras Línguas e Literaturas, 17. Porto, 403-418.
FERNANDES, M. L. C. (1995), Espelhos, Cartas e Guias. Casamento e Espiritualidade na Península Ibérica, 1450-1700. Porto, Instituto de Cultura Portuguesa Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
GOMES, A. F. (1983), Poesia e dramaturgia populares no séc. XVI – Baltasar Dias. Lisboa, Biblioteca Breve.
GONÇALVES, R. Dos privilegios & praerogativas que ho genero feminino tem por direito comum & ordenações do Reyno mais que ho genero masculino. Ed. Elisa Maria Lopes da COSTA. Edição fac-similada. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1992. (Livro III de Actos e Graus da Universidade de Coimbra. Arquivo da Universidade de Coimbra, fólio XXXI).
GRANJEL, L. S. (1980), La medicina española renascentista. Salamanca.
HESPANHA, A. (1994), “O estatuto jurídico da mulher na época da expansão”: O rosto feminino da expansão portuguesa. Congresso Internacional. Lisboa, Comissão da Condição Feminina, 53-64.
JORGE, R. (s.d.), Amato Lusitano: comentos à sua vida, obra e época. Lisboa.
LEITÃO, H. et alii (2004), “O livro científico nos séculos XV e XVI”. Lisboa, Biblioteca Nacional (consultado on-line).
LOPES, M. A. (2017), “Estereótipos de "a mulher" em Portugal dos séculos XVI a XIX (um roteiro)”: Maria Antonietta ROSSI (a cura di) (2017), Donne, Cultura e Società nel panorama lusitano e internazionale (secoli XVI-XXI). Viterbo, Sette Città, 27-44.
LOPES, M. A. (2019), “O Espelho de casados (1540) do Dr. João de Barros: concepções sobre as mulheres, o casamento e a relação conjugal na obra e na época”: E. D. FLECK e M. DILLMANN (org,) (2019), O universo letrado da Idade Moderna: escritoras e escritores portugueses e luso-brasileiros, séculos XVI-XIX. São Leopoldo, Oikos / Editora Unisinos, 29-62.
MERCADO, L. (1594) Ludouici Mercati Medici a cubículo Philippi secundi Hispaniarum Indiarumque Regis potentissimi, atque eiusdem Prothomedici et in Vallesoletana Academia primariae cathedrae Professoris emeriti De Mulierum Affectionibus Libri Quatuor. Quorum primus de communibus mulierum passionibus disserit. Secundus uirginum & uiduarum morbos tractat. Tertius, sterilium & praegnantium. Quartus, puerperarum & nutricum accidentia ad unguem exequitur. Madriti, Apud Thomam Iuntam, Anno M.D.IC IIII.
Ordenações Manuelinas (1984). Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
OLIVEIRA, Fr. (2008), “Misoginia clássica: Perspectivas de análise”: (2008), Norma & Transgressão. Coimbra, 65-91.
PÉREZ IBAÑEZ, M. J. (1997), El humanismo médico en el siglo XVI en la Universidad de Salamanca. Universidad de Valladolid.
PINHEIRO, C. (2017), “The ancient medical sources in the chapters about sterility of Rodrigo de Castro’s De uniuersa mulierum medicina”: G. DAVIS and T. LOUGHRAN, A Handbook of Infertility in History. London, Palgrave Macmillan, 291-310.
TEYSSIER, P. (1982), Gil Vicente, o autor e a obra. Tradução de Álvaro Salema. Lisboa, Instituto de Cultura e Língua Portuguesa.
SANTOS, G. A. S. (2007), Direito e gênero: Rui Gonçalves e o estatuto jurídico das mulheres em Portugal no século XVI (1521-1603). [Tese de Mestrado]. Goiânia.
VIVES, J. L., De institutione feminae Christianae. Liber Primus. Introduction, Critical Edition, Translation and Notes. Edited by C. FANTAZZI and C. MATHEEUSSEN. Translated by C. Fantazzi. Leiden – New York – Köln, 1996.
Publicado
2021-06-16