Alguns olhares sobre a menstruação

  • Alexandra Esteves Universidade Católica Portuguesa; Lab2PT-ICS-Universidade do Minho

Resumo

A menstruação e o sangue menstrual têm sido objeto das mais variadas teorias e efabulações, algumas das quais, apesar de remontarem à Antiguidade, perduraram e foram seguidas em épocas subsequentes. Com o presente trabalho pretendemos expor a perspetiva de alguns médicos sobre aquelas matérias, designadamente a expressa em estudos académicos, no século XIX e nos inícios do século XX. Simultaneamente, serão mencionadas razões invocadas para justificar a inferiorização e a subalternização da mulher em relação ao homem, até porque a menstruação integra o rol de argumentos usados para esse efeito.

Referências

BARREIROS, B. (2014), Concepções do Corpo no Portugal do século XVIII: Sensibi-lidade, Higiene e Saúde Pública. Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade Nova de Lisboa, Tese de doutoramento.
BARRIGAS, M. (1888), Um capítulo de Hygiene Social. A instrucção superior da mulher. Porto, Typographia Occidental.
BLUTEAU, R. (1712-1728), Vocabulario portuguez & latino: aulico, anatomico, architectonico. Coimbra, Collegio das Artes da Companhia de Jesu, vol. 5.
BOAS, J. (1895), Breve Estudo sobre alguns assumptos de higiene social. Dissertação Inaugural apresentada à Escola Médico-Cirurgica do Porto. Porto, Typographia de José da Silva Mendonça.
BRAGA, B. (1898), Breve Estudo sobre Causas da Esterilidade na Mulher. Dissertação Inaugural apresentada à Escola Médico-cirúrgica do Porto. Porto, Tip. de Alexandre da Fonseca Vasconcelos.
CABRAL, Á. (1900), Regularisação da Menstruação pelo Casamento. Dissertação Inaugural apresentada à Escola Médico-cirúrgica do Porto. Porto, Imprensa Nacional.
CAMPOS, A. (1888). Rapidas divagações a respeito da mulher e do casamento visto à luz da sociologia e da hygiene. Porto, Imprensa Civilização.
CARDOSO, Á. (1901), Evolução precoce: (breve estudo). Porto, Typographia Universal.
COSTA, R.; CERQUEIRA, I. (2012), “O trabalho académico como fonte histórica: as teses inaugurais da escola médico-cirúrgica do Porto (1827-1910)”: CEM. Cultura, Espaço e Memória, nº 3 (2012) 251-260.
CRAWFORD, P. (1991), “Attitudes to menstruation in Seventeenth-Century England”: Past&Present 91 (1991) 47-73.
FERRAZ, M. (1893), Breves considerações a respeito das principaes causas e degenerescencia physica, moral e intellectual do povo portuguez. Porto, Escola Médico-Cirurgica do Porto.
FRANCO, F. (1819), Elementos de hygiene, ou dictames theoreticos, e practicos para conservar a saude, e prolongar a vida. Lisboa, Typografia da Academia.
GIFFIN, K., and COSTA, S. H. (orgs.) (1999). Questões da saúde reprodutiva. Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ.
GUERREIRO, D. (1897), Breves considerações sobre o estado mental das hystericas. Porto, Typographia da Real Officina de S. José.
HIDSON, B. (2009), “Attitudes towards menstruation and menstrual blood in Elizabethan England”: Journal of Social History 43, 1, (2009) 88-114.
KOREN, S. (2009), “The Menstruant as ‘Other’ in Medieval Judaism and Christianity”: Nashim: A Journal of Jewish Women's Studies & Gender Issues 17 (2009) 33-59.
LOPES, M. A. (2017), “Estereótipos de "a mulher" em Portugal dos séculos XVI a XIX (um roteiro)”: M. A. ROSSI (a cura di) (2017), Donne, Cultura e Società nel panorama lusitano e internazionale (secoli XVI-XXI). Viterbo, Sette Città, 27-44.
MACLEAN, I. (1995), The Renaissance Notion of Woman. A study in the fortunes of scholasticism and medical science in European intellectual life. Cambridge, Cambridge University Press.
MAIA, A. (1872), Algumas palavras sobre a menstruação nas suas relações com a pathologia e therapeutica. Porto, Imprensa popular Mattos Carvalho e Vieira Paiva.
MATOS, J. História Natural Ilustrada, Primeiro Volume. Porto, Livraria Universal.
MCCLIVE, C. (2015), Menstruation and Procreation in Early Modern France. Farnham, Surrey, Ashgate.
MIRANDA, A. (1900), A puberdade na Mulher. Porto, Abílio Miranda.
MONTEIRO, E. (1902), Hygiene da Menstruação. Dissertação inaugural apresentada à escola Medico-Cirurgica do Porto. Porto, Typ. A. F. Vasconcellos.
PATINHA, A. (1926). O crime nos melancólicos. (Leves considerações acerca de um caso de infanticídio). Porto, Typ. da Enciclopedia Portuguesa.
REINHIPO, R. (1683), Trattado unico das bexigas, e sarampo: offerecido a D. João de Sousa. Lisboa, Officina de João Galrão.
ROHDEN, F. (2001), Uma ciência da diferença: sexo e gênero na medicina da mulher. Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ.
ROMÃO, J. (1916), O ferro no clorose. Porto, Imprensa Nacional.
SEMEDO, J. C. (1701), Observações medicas doutrinaes de cem casos gravissimos, que em serviço da pátria e das nações estranhas escreve em lingua portugueza e latina. Lisboa.
SILVA, A. (1894), Algumas palavras sobre as perturbações da menstruação. Porto, Typographia Gutenberg.
SOARES, A. (1876), Da Identidade em Medicina Legal. Dissertação inaugural apresentada à Eschola Medico-Cirurgica do Porto. Porto, Typographia de Antonio José da Silva.
WHALEN, Elizabeth M. (1975), “Attitudes toward Menstruation”: Studies in family Planning 6, 4 (1975) 106-108.
Publicado
2021-06-16