Os caminhos da honra e do amor ou O corpo de Helena de Paulo José Miranda

  • Maria de Fátima Sousa e Silva Universidade de Coimbra

Resumo

Com O corpo de Helena, Paulo José Miranda regressa, naquele que é o primeiro drama que publica, ao mito dos Atridas. Ao retomar o famosos tema da lenda de Micenas, o dramaturgo português usa de grande liberdade temática e formal, sem deixar, no entanto, de valorizar conceitos vitais na tragédia grega: o conflito entre a physis e nomos — a natureza e a convenção social —, a inutilidade da guerra e o tempo como o responsável principal pela efemeridade da vida humana. A grande inovação é, decerto, a figura de Menelau, agora o verdadeiro protagonista, coberto do heroísmo que advém da dúvida e da aceitação da própria fragilidade: “Menelau, o que não foi à guerra e, prostrado em casa e pensamentos, desafiou os deuses”.

Publicado
1999-01-01
Secção
Artigos