Patronato e clientelismo sob o olhar crítico de Juvenal

  • Isabel Graça Universidade de Aveiro

Resumo

Perpassando aspectos pontuais das relações de patronato e clientelismo desde as origens de Roma ao período republicano, centra-se o presente trabalho na apresentação de algumas particularidades das vivências diárias dos clientes da Roma imperial, tendo por base o olhar crítico do poeta Juvenal. É com profunda e manifesta ironia que o autor satiriza diversos aspectos relativos às obrigações e proveitos do estatuto de cliente, a saber: por um lado, as andanças extenuantes pelas ruas de Roma, com vista à prestação da salutatio matinal, e a acérrima competição pela detenção da espórtula, disputada à porta de casa do patrono quer pelos clientes mais pobres, quer por libertos enriquecidos e até mesmo por magistrados; por outro lado, os benefícios auferidos, que consistem na atribuição da já referida espórtula e na ocasionalidade de uma refeição em casa do patrono, sempre parca em quantidade e em qualidade. São estes alguns dos aspectos que, segundo Juvenal, desencadeiam atitudes de indignação, desespero e rebelião por parte daqueles que, do ponto de vista social, se encontram na dependência de outrem.

Publicado
2000-01-01
Secção
Artigos