A justificação do tiranicídio na Écloga Gérion de Lucas Pereira

José Sílvio Moreira Fernandes

doi:10.34624/agora.v0i10.10359

José Sílvio Moreira Fernandes Universidade de Aveiro e Universidade da Madeira

DOI: https://doi.org/10.34624/agora.v0i10.10359

Palavras-chave: Tiranicídio, Lucas Pereira, Hércules, Gérion, Lusitânia, Teatro Neolatino, Écloga Dramática, Jesuítas

Resumo

Lucas Pereira escreveu uma écloga dramática para ser representada nas cerimónias de encerramento do ano escolar no Colégio de Coimbra, no ano de 1612. A matéria escolhida foi o décimo trabalho de Hércules contra o triforme Gérion, o monstro que a tradição situava no sudoeste da Península Ibérica. Nesta adaptação do mito, o autor opta por centrar na Lusitânia a acção tiranicida de Hércules que bate o adversário em combate singular numa colina perto de Coimbra. Pretendemos demons-trar que uma das intencionalidades da peça reside na apresentação de uma teoria de legitimação do tiranicídio, praticado contra o tirano usurpador, cuja aparência tripla podia representar os inimigos de Portugal, no início de séc. XVII: leões (Castela), leopardos (Inglaterra) e Pigmeus (aliados internos da União Ibérica).